Por que a necrose da glande preocupa tanto?

A necrose da glande é rara, porém extremamente séria. Mesmo pouco frequente, ela pode causar perdas estéticas, funcionais e impactar diretamente a qualidade da vida íntima e o bem-estar sexual masculino.

Embora historicamente mais associada a cirurgias urológicas, nos últimos anos surgiram registros correlacionando o problema também a procedimentos estéticos íntimos mal indicados, mal executados ou realizados por profissionais não habilitados.

O que pode causar necrose da glande?

A etiopatogenia é multifatorial. A literatura científica descreve como causas:

• Infecções graves
• Priapismo
• Arteriolopatia urêmica calcificada (pacientes renais crônicos)
• Implante de prótese peniana
• Circuncisão
• Embolização prostática
• Complicações de procedimentos estéticos íntimos,
  como preenchimentos mal aplicados, injeções fora do plano seguro, produtos inadequados
  ou compressão vascular acidental.

Em procedimentos estéticos íntimos masculinos, o risco surge especialmente quando há compressão arterial, oclusão vascular, infecção ou reação inflamatória intensa.

O que diz a ciência? — Revisão sistemática PROSPERO 2025

A revisão sistemática, registrada no PROSPERO (ID: CRD420251052100), investigou todas as evidências disponíveis sobre tratamento de necrose e isquemia da glande.

Como o estudo foi conduzido?

• Pesquisa abrangente no PubMed entre março e maio de 2025
• Aplicação dos protocolos PRISMA 2020
• Avaliação de artigos em inglês, português, francês e espanhol
• Critérios rígidos de inclusão e exclusão
• Análise metodológica com JBI e ROBINS-I

Foram inicialmente identificados 1.373 estudos, chegando a 56 pesquisas incluídas na análise final — a maior síntese já publicada sobre o tema.

Classificação da gravidade da isquemia da glande

Os estudos classificam o acometimento em:

• I — parte da glande
• II — glande inteira
• III — glande + haste peniana

E quanto à profundidade da lesão:

• A — isquemia (alteração de cor)
• B — necrose instalada

Como a necrose da glande é tratada?

Como não existe protocolo universal, diferentes abordagens foram relatadas:

• Oxigenoterapia hiperbárica
• Pentoxifilina
• Heparina
• Analógicos de prostaciclina
• Testosterona tópica
• Bloqueio epidural
• Tratamentos tópicos específicos
• Antibióticos em casos infecciosos
• Cirurgia reconstrutiva nos casos graves

Mesmo assim, a literatura demonstra grande variação de resultados, reforçando a necessidade de prevenção — especialmente no contexto dos procedimentos estéticos da região íntima.

Procedimentos estéticos íntimos: onde entra o risco?

Tratamentos como harmonização íntima masculina, bioestimuladores, preenchedores ou técnicas de aumento da região íntima são seguros quando realizados por especialistas experientes, com domínio da anatomia vascular e protocolos adequados.

Porém, complicações graves podem ocorrer quando há:

• uso de produtos inadequados
• injeção em planos incorretos
• compressão ou obstrução arterial
• procedimento realizado por não-médicos
• infecção mal tratada no pós-procedimento

Por isso, a principal forma de reduzir risco é escolher profissionais habilitados em medicina sexual e cirurgia reconstrutiva.

Conclusão

A necrose da glande permanece uma condição rara, mas potencialmente devastadora. A revisão sistemática evidencia a escassez de estudos robustos e reforça a importância da atuação de profissionais experientes, especialmente na realização de procedimentos estéticos íntimos.

A prevenção começa com indicação correta, domínio técnico, conhecimento anatômico e estrutura adequada para manejo de complicações.

Quando tratada precocemente, as chances de recuperação estética e funcional são muito maiores.